Sunday, October 15, 2006

Bom dia sol.

Bom dia sol,
Dizia o poeta.

E com o sol de cada manhã senti,
Embaixo desse mesmo sol lembrei
Que vamos morrer e sonhamos
Que vamos morrer e mentimos
Que vamos morrer e matamos
Nós vamos morrer e sorrimos

Bom dia!
Inconfesso

E a lágrima, figura poeticamente desgastada,
Mulher e treva eclesiástica e teima e perece
Nas palpitações vãs e o lapso insiste
Em fazer desistir e simultaneamente seguir
Dos olhos ao pó, do amor aos antidepressivos.

Os meus calos de arrebatamento
Tocam em peles e mucosas
E goza como todo o tato goza
O choro ancestral
Das convulsões
Do quase tudo

Guarde para ti
E será somente sua
Como o gosto dessa bílis
Que vomita e é só teu

E eu consigo fugir
Com a música dos corpos que caem
Em si bemol e lá sustenido
E lá suspenso e escorrendo
Nalgum seio em mil mentiras.

O carinho a se converter em sangue
De lábios em rumor incandescente.
Rangem nos teus dentes de alquimia
Mordem como presas em pecado.

E as pupilas dilatadas de soslaio
Sobre o ventre que esconde teus segredos
Anoitecem no terror dos confidentes

Decadentes!
Estrela última da aurora.