Friday, May 21, 2010















Cachoeira perde, como cidade da magia, muito da sua áurea de encantamento com o voô perfeito criado no espaço e no tempo pelo célebre poeta Damário da Cruz.
Minha tristeza Barata, Edimar, Pirulito, Suzart, não vem banhada na fluidez das águas do Paraguaçú e na intimidade da batalha pela poesia, pela palavra, pela arte! Não possui aquela saudade de quem o acompanhou em célebres jornadas vocabulares nos paralelepípedos cachoeiranos, mas tem a verdade e as lagrimas de poeta que sente a importancia dos audaciosos versos nesse poetico mundo sem poesia! Morre o homem, fica seu pouso e as eternas palavras...
Que jubilo ao lembrar que no final do ano passado, numa das visitas ao Pouso da Palavra, pude conversar com o sempre gentil Damário, olhar nos seus olhos e dizer tudo o que sentia acerca da importancia dos seus versos repletos de simplicidade de barro moldado pela chuva...
E o poeta sorriu de contentamento e eu quase fraquejei diante do sorriso, mas falei da sonoridade, das imagens, do ritimo, dos finais surpreendentes e repletos de lirismo e eu, falei...
Eu nunca quis que as noites amanhecessem iguais...
E quis muito dizer e disse ao homem que escreveu os versos, sobre a importancia sem precedentes desses versos.
Sua desmaterialização foi com indicios de boemia, do fumo de todos os poetas, da desconsideração com um futuro sem disfarces...
Descançar nunca, onde quer que voe, estará confabulando com as letras, colorindo as existencias, alçando voôs imortais...
Meu luto não é pela transcedencia do espírito, mas por um mundo sem aquele magico poeta...
Saudades...

Todo risco
(Damário da Cruz)

A possibilidade de arriscar
É que nos faz homens
Vôo perfeito
no espaço que criamos
Ninguém decide
sobre os passos que evitamos
Certeza
de que não somos pássaros
e que voamos
Tristeza
de que não vamos

por medo dos caminhos

Sunday, May 24, 2009

TESÃO É QUASE TUDO!
De nada vale ambientar o leitor com o cotidiano que adorna esse conto a exemplo dos escritores realistas. O caráter de universalidade que deve existir nessas páginas é o bastante para que possamos nos ater aos acontecimentos propriamente ditos.
Eu sempre tive uma espécie de “sorte”, melhor dizendo, kharma no que se refere a escolhas de mulheres ciumentas ao cubo. Tinha uma que me seguia pelos muros da universidade pra observar se eu olhava pra alguma beldade e, de certa feita, quando notou que eu olhava e lambia os beiços, a psicopata me jogou um caqueiro repleto de cactos. Demorei quase duas horas pra tirar todos os espinhos da minha perna.
Uma outra mandou uma mulher bater no portão de minha casa dizendo que tinha uma amiga que fazia matemática e havia se interessado pela minha pessoa e, quando eu saí na porta, a maníaca possessiva me esperava com uma expressão neurótica no semblante, pagou vinte reais a criatura que havia feito a tal proposta e disse que precisávamos conversar. Eu bati o portão, esperei ela terminar de quebrar a vidraça com uma pedra e fui bater uma gelosa no bar de Vavá.
Depois de certo tempo sozinho e descrente do processo monogâmico, resolvi começar uma relação com uma guria que havia conhecido na academia. Com roupa de academia é foda, se a mulher for gostosa, fica mais que evidente e Mirela, com aquele corpo escultural ressaltando o rabo magnífico, empinou a bunda pra atender o celular pra fora da janela e eu fiquei apaixonado. Conversamos, ela disse que morava perto, eu falei que ia até sua casa, mas no meio do caminho, eu empurrei-a num muro e comecei a beijá-la como um condenado a pena de morte!
Começamos a namorar e, na primeira vez que trepamos, notei que a garota poderia viver tranquilamente daquilo. Pensem numa verdadeira máquina moderna que a cada beijo ela ofegava e gemia e apertava mina pica e eu comecei a chupar seus seios e ela, meu cacete, e sentou no meu pau no sofá e levantou ficando de quatro e eu meti com agressividade e ela pedia pra eu bater na bunda e na cara e chamar de vagabunda e comecei a lamber meu dedo polegar e a enfiar no cú dela enquanto metia e pedi pra socar e ela deixou e mandou eu meter toda e, na hora que eu ia gozar, Mirela levantou, começou a lamber meu cacete e bebeu meu sêmen até a última gota enquanto eu caía no sofá completamente satisfeito com a existência do homo sapiens no planeta.
Semanas depois ela começou a pedir a senha do e-mail anunciando que não poderia haver segredo entre nós. Iniciou um questionário sobre todos os nomes de mulheres que existiam no meu celular, mas eu tinha que relevar, afinal com aquelas pernas!
Depois foi tomar informações a meu respeito acerca dos relacionamentos passados, se eu era fiel como um cão e esse tipo de coisa. Também tinha mania de cheirar minhas cuecas e o travesseiro e lençóis de cama, mas eu deveria sublimar, ela tinha um rabo sem defeitos!Tinha aversão á meus amigos que traiam suas mulheres e não eram boas companhias. Dizia que eu passava mais tempo ouvindo a voz de Etta James e Amy Winehouse que a dela e que meu esperma estava ralo e que eu havia comido alguém e esse tipo de coisa. Nessa época eu só pensava em literatura, quase não saia de casa, era praticamente um monge, só que era acusado e todas as hipotéticas atrocidades contra o matrimonio eram acompanhadas de uma expressão de ódio aniquilador da minha nova namorada, mas ela fudia bem demais!
Outro dia achou um pacote de camisinha atrás da estante e disse que eu escondia pra comer as piriguetes enquanto ela ia trabalhar e eu fazendo juras de amor, com a maior paciência explicando que se eu quisesse ficar com outras eu não ia propor ficar só com ela – não lembro de ter feito a proposta, mas anunciava que fiz e não podia voltar atrás – e a criatura tinha notadamente alguma espécie de trauma de relações ou vidas passadas. Não ha nada o que pudesse fazer. Se me ligasse e perguntasse como foi o meu dia e eu dissesse tudo que havia feito ela reclamava que estava escondendo algo. Uma verdadeira zagueira essa mulher! Mas será que eu encontraria outra que me lambesse assim?
Há poucos instantes chegou com um fio de cabelo dizendo que estava na sala e que era de mulher, eu disse que podia ser de Felipe que tinha cabelo grande e tinha passado por lá, mas ela disse que Felipe era loiro e aquele fio era vermelho e, mesmo com aquelas pernas, aqueles glúteos, aquela boca e aquilo tudo, eu peguei em seus cabelos e a arrastei até a rua, bati a porta e escrevi essa história.

Saturday, March 01, 2008

CORES

EU VIA O CINZA DO CÉU
NO AZUL DOS SECULARES
MARES TEUS

EA LUZ LARANJA-LIMA
DESSE SUCO QUE É SÓ MEU
GRITA ESVERDEANDO
AS IMPAGÁVEIS INOCÊNCIAS
DE UM VERMELHO ROSA MORTA.

Saturday, January 12, 2008


Filhos do moderno mito cavernesco
Em horarios nobres da TV,
Condenados as gravuras do PC,
Em ondas,
Infinitas,
Aparentemente preexistentes,
Como a vida;
Simbólica lembrança,
Passando,
Sem onde,
Pra onde.

Chegamos?

Sunday, December 09, 2007

A música dos versos meu bem,
Não importa se queremos
Nada vale se sofremos.
Apenas perca meus neurônios
Misturando seus hormônios
Em singela asfixia.

Até antes de chegar o mundo e os pensamentos,
Enquanto ainda estivermos ofegantes,
Suados, sonhados, despidos.

Somente nesse instante minha querida,
O que vale em nossa vida é essa hora
E sua esporádica e sublime
Animalidade meteórica.

Esqueça a lógica e o feminismo amor
E qualquer outra filosofia ou raciocínio abstrato.
Dancemos o balé dos corpos enlaçados,
A alegria da cópula perfeita
Em sons, plasma, contrações, ondulações
E o que mais vier.

Monday, December 03, 2007

Capítulo IV.

Em mais uma odisséia imaginária particular num ônibus qualquer de Salvador, metamorfoseado no super vendedor de língua inglesa, vestido de camiseta gola pólo azul-claro, calça jeans-escuro, um tênis qualquer de alguma grife certamente americana, com minha pasta de couro preto contendo módulos, cds, livros e provas, lia o caderno de anotações do meu bom e velho amigo Tom Raiva. Uma espécie de diário escrito à mão, melhor descrevendo, rabiscado à mão. Peguei o caderno e disse ao figura que ia digitar o que conseguisse entender. Aí vão algumas reflexões do cara enquanto a maldita hora do Good Evening não se aproxima:

13 de Junho – Essa data tem um significado especial para mim além de ser dia de Santo Antonio, padroeiro de Alagoinhas. Eu estava lá na festa quando tinha quinze anos. Música, quermesse, parque de diversões, comida junina e, nas proximidades da concentração do time da Catuense, Gracinha, uma de minhas primeiras namoradas, chupou minha pica pela primeira vez. Eu gostei demais daquilo. Gostei tanto que acabei enchendo a boca da guria de esperma e ela bebeu, fez uma cara de tristeza, levantou e depois vomitou uma mistura de sêmen, coquetel de frutas e maçã do amor. Observei alguma poesia naquele mosaico de cores complementares.

23 e 24 de Junho – Véspera e dia de São João. Essa sempre foi a melhor festa pra mim. Desde quando era um guri de playground e ia passar a data em Alagoinhas na casa de Minha avó materna. Os fogos, as comida e os trajes típicos, a melancolia do forró e do baião, os licores de sabores variados sem esquecer do jenipapo, dançar colado, beijar colado. Ah...! Se fosse possível morrer colado. Que saudades do meu velho forró pé de serra sem instrumentos eletrificados e vadias com roupas de strippers. Que saudades de meu primeiro grande amor consumido por devaneios babilônicos. Que falta sinto do São João em Serra do Aporá meu amor, dos meus ciúmes juvenis e de toda a doçura que havia em teu olhar. Não o que você se tornou após esses dez anos, mas aquela menina de dezenove que me fez decolar para um mundo de incertezas sempre será amada por mim. Será que ainda seria a mais bela do universo? Meu Deus porque não esquecemos. Cristo! Abra algum portal pra essa dimensão aparentemente perdida pelo tempo, eu preciso voltar e sentir, com todos os meus órgãos do sentido, a fatalidade daquela noite lá em casa em 96 quando você me acordou vestida com minha blusa e somente com ela. Ainda gosto do São João. Pelo menos posso beber de graça, fumar bagulho na rua em meio a fumaça das fogueiras e, quem sabe, algum licor de cajá dum próximo São João em Cachoeira, me faça esquecer os memoráveis Sãos Joãos de outrora.

4 de Julho – Lembro da independência do Tio Sam e da minha fase Marxista e o movimento estudantil e as discussões rumo a lugares comuns e as bocetinhas. Sempre havia alguma por trás de cada passeata no sol insuportável.

6 de Julho – Meu aniversário. Tem tempo que parei de comemorar essa data. Nunca entendi porque as pessoas chegam a ponto de congratular uma outra por caminhar mais perto da sepultura. Desde o fim da infância e dos presentes, essa data passou a soar falsa e superficial. Geralmente nada de interessante me acontecia nesse dia e comecei a esconder a data e a me esconder nessa hora.

É bem possível que ainda divulgue algum pensamento do velho Raiva nesses escritos, mas enquanto esse momento não chega, percebo que faltam dois pontos para o meu. Não há mais tempo, não tinha como escapar. Era chegada a deplorável hora do Good Evening.

Sunday, September 16, 2007

Já foi?

Que todas as clarezas sumam dos teus olhos
Freqüentemente cegos para mim
Em sussurros e água limpa
Pura, incongruente e fria
E dispenso teu sorriso
E abomino o seu perdão.

Mas se tive seu amor
Se te perdi
E se as ondas do naufrágio
Que ninguém viu,
Nem mesmo você,
Teimam em banhar
O céu, a lua e a sujeira
Dos teus pés descalços?

E temos que andar
Testemunhas de sonhos que agonizam
Prontos pra se enveredar
Por nova esperança,
Noutro milagre
E finda
Lento,
Só, incerto, mas sincero.

Em cada estrela-cadente
Eu gritava o teu semblante
Esperando misericórdia
De algum deus que compreenda
Que não há como esquecer
Ou simplesmente
Prosseguir.

Deixa a vida bater
E açoitar os nossos corpos
Sem que peçamos ao meteorito
Que fingia ser estrela que caía
E cortava o meu vazio
E consolava meus cabelos.