
Bardo bêbado, tomo o último copo de alvorada
levo na face a eterna embriaguez amanhecida,
por muitas dores, encontros e ilusões, calejada,
por tanta unhada raivosa, marcada e esculpida.
Asfalto brilhante, cinco horas da manhã gelada,
quantas delas já passaram assim tão parecidas.
Traziam corpo de dama e um hálito de cachaça,
um sorriso rasgado de uma alegria adormecida.
Eu aprendi a conviver com elas e até a amá-las,
Pôr uvas docemente em suas bocas pevertidas.
Tudo um mero jogo, uma forma de conservá-las
em mim alguns minutos mais, antes da partida.
A saída de cena, mergulho na noite escancarada,
angústia eterna que se faz buquê de maravilhas.
(Jorge Ferreira)
Jorge Ferreira é escritor, DJ, crítico musical e uma grande figura e publica seus escritos no endereço:http//www.rasgamortalha.blogspot.com
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