Friday, June 09, 2006











(Poesia publicada pela primeira vez na revista ARTE&POLÍTICA, editada por Miguel do Rosário, juntamente com esta foto da lapa no Rio antigo)



Húmus carioca


Fluxos e crucifixos de intensa decadência
São a ânsia-temor de tais lábios ressecados
Sulcados de esperma, fósforo e saliva
Virgens de langor, paixão ou vaidade.

Semblante de sacrossantissima beleza
Corpos de ciúmes, carvão e agonia
Escorre das estrias e altares
Gotas de suor embalsamado e fede
Como tudo mais a nossa volta fede

E disfarçamos feromônio com perfumes.

Inebriantes e inefáveis senhas de um segredo
Muitas vezes ao ouvido sussurrado
Deja-vus fazem lamber tuas espinhas
Purulentas a lua morta de um Leblon.

Escatológica previsão do acaso
E não venha com esse papo de destino
Um universo uivando e não ouvimos
Distorcido acorde em lingerie

Sejam toscas as visões dessa neblina
Silhuetas de Vênus que secretam
Placenta e lagrimas indômitas.

1 Comments:

Blogger Antonio Diamantino Neto said...

Com certeza, meu caro e denro de todo o podre que é belo, conseguimos emergir, na chapada, em Feira ou mesmo em Berlim.

6:18 PM  

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